sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Confia na idiota

Já que a oportunidade veio, lá vamos. Acho que todo mundo já ouviu aquela história de "Em você eu confio, o problema são os outros". O que embora clichezaço, faz sentido, afinal adoramos uma história cavernosa de menininhas inocentes que são drogadas e violentadas/seqüestradas/mortas/afins, além do mais é uma variável sobre a qual você não tem controle, então não dá nem pra argumentar. Mas para mim, isto soa mais como se você fosse confiável porém idiota. Como se você não fosse ficar bêbada, mas também não fosse perceber que o cretino do lado colocou alguma coisa no seu refrigerante quando você saiu para ir ao banheiro. Como se você não fosse agarrar ninguém, mas também não percebesse que a maioria é babaca bom de lábia. E aí dá vontade de falar, "Mamãe, eu já vi CSI, até demais. Papai, vocês já me fizeram tão paranoica quanto humanamente possível" eu sei o que pode acontecer, eu estou assumindo os riscos e tomando todas as providências para que eles não ocorram. Mesmo. Acho que isto está incluso no pacote "CARETA". Aliás, de que adianta formar uma criatura careta, law-obeying, que não sucumbe à pressão do grupo (parcialmente porque também anda com bela e careta gangue), vê resultados em suas ações, importância nos estudos, se o mundo lá fora vai continuar sendo o argumento principal para o "não" absoluto? Ouvi até um "ela nem tem perfil, não bebe, não vai a lugares cheios e barulhentos, não fica com ninguém... não tem porquê ir". Curiosamente este foi aceito como supporting argument para os meus pais. Vai entender. Vai ver que se eu fosse uma puta bêbada e surda ia fazer mais sentido e me permitiriam.
O que me incomoda mais ainda é que daqui a um pouquinho mais de um ano eu serei maior de idade, oficialmente. Quer dizer que perante a lei eu já posso andar por aí sem precisar de autorização parental. Se eu for fazer universidade fora da cidade, vou morar fora. Cara, daqui a um ano e um poquinho eu posso estar morando sozinha (ou tão sozinha quanto financeiramente possível) e eu ainda sou considerada incapaz de dar uma voltinha sozinha, ou ir a uma festinha não-tão-comum? Serei tão responsável e chata quanto sou agora, e o mundo vai ser tão problemático e assustador quanto é agora, mas, de alguma forma extraordinária, vai ficar tudo bem. Será que é só porque os meus anos contarão dezoito?

4 comentários:

  1. Eles são pais. É uma função desconfiar de tudos e de todos porque eles querem o melhor para gente. Mas quando as coisas se tornam um exagero, é necessário conversa, e muitos, muitos argumentos. Se não só haverá respeito para eles, e não o contrario.

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  2. Adorei o post. Meus pais já foram assim, porém eu nunca me conformei com o "eles são pais" e enfrentei os dois em todas as vezes que algo parecido com a sua situação aconteceu. As vezes é preciso apelar, ou eles acabam protegendo demais. E o nosso apelo consiste basicamente em mostrar que o dever dos pais é preparar os filhos para a vida EM TODOS OS ASPECTOS, e não só para a parte profissional. Foi difícil e trabalhoso mas eu conquistei minha "liberdade" e deixo um conselho: Bata o pé sempre que se sentir injustiçada, ou eles nunca vão mudar e isso só te deixará infeliz ;)

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  3. "bela e careta gangue" ha, thaaanks.
    Honestamente, nçao importa o quanto eles protegem ou o quanto eles falam. Não importa se nós tivermos cuidado ou não, tem vezes que não dá pra tomar cuidado e se for pra acontecer algo, vai acontecer. Não que isso seja bom, ou otimista, mas é verdade..
    Alguma hora, they have to let go.

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  4. que dizer entao que a senhora straigh edge(?) quer sair da linha?

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