sábado, 11 de outubro de 2008

“Seus problemas acabaram!”

Sabe aquelas propagandas de produtos virtualmente inúteis, que sempre incluem a mais popular frase ´marketeira´: “Seus problemas acabaram!”?

Outro dia, após uma dessas hipnotizantes séries de vantagens sobre um equipamento de cozinha qualquer, fiquei me perguntando o que eu faria se pudesse comprar um produto que fizesse todos os meus problemas acabarem. Confesso que não tenho lá grandes dilemas – uma briguinha aqui, um acesso de raiva ali -, mas as preocupações me matam. Talvez eu seja perfeccionista e não tenha assumido. Mas a questão é, se eu tivesse comprado o fim de todos os meus problemas e preocupações, o que eu faria? Não consegui me lembrar de nenhum momento em que estivesse completamente sem preocupações. Nenhum. O que, para uma pessoa de poucos problemas, é ligeiramente assustador.

Será que eu sairia cantarolando porta afora? Será que eu diria ´ois´ entusiasmados para o mundo? Será que eu não mais ligaria para comentários inadequados e petulantes? Para olhadelas de desprezo? Será que eu poderia viver a minha vida, sem nem considerar o que os outros à minha volta pensam de mim? Será que eu poderia fazer tudo isso e ainda não ser do contra??

Um mundo de possibilidades se estendeu à minha frente. Eu poderia fazer o que bem entendesse, desde que prioritizasse o importante (o que no caso seria estudo consciente). Levaria minha vida como marés oscilantes de emoções aleatórias de personalidades escondidas. Leria tudo o que quisesse - daria tempo-, dormiria tempo suficiente para regenerar os meus neurônios, iria ao cinema com amigos, daria risada, dançaria como quisesse todas as musiquinhas anos setenta que eu adoro, sairia com meus pais, comentaria sobre assuntos correntes, assuntos polêmicos, assuntos felizes, assuntos de conversa de elevador, viveria livre, leve, e solta.

Ah, se houvesse o fim dos meus problemas...

-Caulfield

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Febres"

Sabe aquelas "febres" que acontecem de tempos em tempos, que fazem com que todos assistam/leiam e comentem sobre tal filme/seriado/livro? Por razões de miopia ou de querer ser do contra, eu acabo perdendo muitas delas. A coisa com essas "febres" é que logo que o boom passa, ninguém mais quer saber delas - e aí os retardatários como eu não tem ninguém com quem comentar sobre o recém adquirido deslumbramento.
Foi o que aconteceu com The OC, um programa que eu achava que era para pessoas mais velhas que eu, sobre um garoto-problema que nunca iria se endireitar - até que adivinhei bem, mas nunca pensei que, alguns anos depois, quando o seriado estava na reta final, eu ficaria tão encantada com o amiguinho esquisitinho do garoto-problema. Neste caso, não houve muito drama além do básico "Como eu vivi todo esse tempo sem o Seth Cohen??", e a série ainda tinha milhares de fãs para apoiarem a minha fascinação.
Mesma sorte não tive com Titanic. Eu, aos meus quinze anos e tantos meses, nunca tinha visto Titanic inteiro. Meus pais não deixavam e eu não tinha muito interesse. Surgiu a coleção da Veja e resolvi assistir ao tão comentado filme. Adorei. Adorei cada centésimo daquele cenário, cada fala, cada personagem. Adorei ver vários dos atores que conhecia de minhas antigas séries favoritas encenando naquele espetáculo. Chorei como se não houvesse amanhã. Deprimida como nunca antes, resolvi comentar sobre o filme com alguns colegas. Os garotos acenaram incrédulos ao fato que nunca tinha assistido à coisa toda, e comentaram algo sobre a duração - de fato, depois que o navio começou a afundar, tive vontade de adiantar. As garotas emitiram alguns "oohhh" em homenagem a Leo, com expressoes de quem ainda não superou o trauma. Mas não é a mesma coisa. Não é a mesma coisa lembrar da "febre" e estar nela.
Algo semelhante ocorreu com V de Vingança. Na época não tinha idade para ir ao cinema, e não me interessei nele quando saiu em DVD. Algum tempo atrás, resolvi alugá-lo, e fiquei extasiada com as imagens, as cores, os personagens, os sotaques, a trilha sonora... tanto que comprei o DVD e ainda pretendo achar o CD da jukebox do V. E estou economizando para comprar o HQ original em inglês. Quando você menciona esse filme, os olhos de quem assistiu ainda brilham, e os de quem não assistiu (e são vários, infelizmente) formam completa indiferença. Eu ainda estou na nuvem V. de Vingança. Será que isso passa?
Enfim, fiquem atentos ao que acontece ao seu redor, talvez fosse interessante dar uma olhadinha para ver se voce não pega.
Love,
mare.

FYI: this post was originally on a different host, it was published on Monday, September 8th, 2008. (bigm)