segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Reverberando sobre o Araguaia

Política e história política não são assuntos que eu prezo muito (especialmente porque tudo que eu ouvi de um lado, falam que é manipulação do outro) e que portanto não sei la muitas coisas. Entre esses assuntos está o episódio dos desaparecidos do Araguaia, que até semana passada eu não fazia idéia do que significava, e agora tenho alguma noção. A Fovest fez uma proposta no assunto, para treinar para o ENEM, o que acabou gerando bastante discussão.
Pelo que eu entendi, estavam lutando contra o regime vigente os que queriam a democracia e a república reinstalados e os que queriam a ditadura socialista. Eram chamados guerrilheiros e muitos desapareceram na região do Araguaia, no Amazonas, mortos por militares e enterrados em vala comum. As famílias dos guerrilheiros querem que o governo exuma os corpos para que possam ser enterrados adequadamente. Os militares (muitos deles políticos) são contra, afirmando que isso é passado e que a Anistia deu conta do recado, o que faz sentido porque muitos deles seriam condenados em qualquer corte respeitável.
Pessoalmente, já que é fato de que estão todos mortos, acho que a solução mais prática é avaliar quanto seria o gasto para que tais enterros fossem realizados e que, em nome e com o consentimento das mães dos guerrilheiros, o governo doasse essa quantia para um fundo de educação e/ou saúde pública; que os militares reconhecessem que o episódio foi um erro e que feriram com os direitos dos guerrilheiros (fossem eles socialistas ou não); e que fosse construído um daqueles obeliscos com os nomes de todos os assassinados, em memória.
O reconhecimento de que os guerrilheiros lutaram por uma causa e foram injustamente executados (se é que ainda não foi dado) é um DEVER do Estado. E, combinado com fundações de ajuda (de proteção e manutenção à democracia), deve servir talvez não como consolo, mas como um passo a mais para longe do terror da ditadura para essas mães e famílias.
O próximo passo seria, obviamente, julgar e condenar todos aqueles que torturaram, executaram ou feriram os direitos humanos durante o período. É assustador que tenham se passado tantos anos e NÍNGUEM tenha falado "Agora chega! Vamos fazer uma limpeza no Exército". Democracia no Brasil é realmente só uma fachada.


E tudo começou com essa pérola diplomática aí do lado, que estava no gabinete do dep. fed. Jair Bonsonaro (militar ou ex-militar? Sei lá, veja na UOL)

Um comentário:

  1. "O próximo passo seria, obviamente, julgar e condenar todos aqueles que torturaram, executaram ou feriram os direitos humanos durante o período."

    Honestamente não concordo. Seria uma caçada as bruxas versão brasileira. Obviamente ninguem falaria abertamente que torturou executou ou feriu ninguem, e a palavra das vitimas teria que ser o suficiente. Mas quem garante que as vítimas são realmente vítimas?
    Não daria certo.

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